No imaginário indígena, as águas dos rios Xingu e Amazonas são envoltas em uma história fascinante, tecida com mitos e magia. Antigamente, conta a lenda, a Floresta Amazônica era uma vastidão seca, desprovida de rios e água. Nesse cenário árido, a ave Juriti era a guardiã da água, mantendo-a em três tambores.
A narrativa se desenrola quando os três filhos de Cinaã, movidos pela sede, buscam a benevolência da Juriti para saciar sua necessidade. No entanto, a ave resiste e questiona por que os filhos de um Pajé tão poderoso não podem obter água através do próprio pai. Desanimados, os irmãos retornam para casa, revelando a tristeza ao pai.
Cinaã, preocupado com a segurança dos filhos, adverte sobre os perigos, mencionando a presença de um peixe gigante nos tambores de Juriti. Ignorando o aviso, os irmãos desafiam o perigo, quebram os tambores e desencadeiam uma transformação mágica. A água jorra, e Juriti, agora metamorfoseada, torna-se um ser selvagem.
Enquanto os irmãos tentam escapar, um deles é engolido pelo peixe gigante, ficando com as pernas para fora da boca. Os dois restantes correm desesperadamente, moldando rios e cachoeiras com sua corrida frenética. O peixe os persegue, levando água e esculpindo o rio Xingu com sua busca incansável.
A saga culmina no Amazonas, onde os irmãos, usando uma magia ancestral, ressuscitam o irmão engolido. Com o sangue de Rubiatá, eles realizam um ritual místico, soprando a água no Amazonas, ampliando-o e tornando-o majestoso. Ao retornarem para casa, os irmãos proclamam a conquista da água para toda a vida, uma jornada que moldou a geografia e mitologia dos rios Xingu e Amazonas. Uma epopeia que ecoa através do tempo, onde a magia da natureza se entrelaça com a bravura e a sabedoria dos protagonistas indígenas.